Nesse primeiro NOW Talk em português, nossas NOWers Pati e Elis conversam sobre o Juntxs, novo programa do NOW no Brasil voltado para ‘jovens nem-nem’: que não estão nem trabalhando nem estudando.
Elis: É tão legal poder estar escrevendo o primeiro post do blog do NOW em português! E mais legal ainda estar conversando com você sobre o Juntxs, Pati! Pra você que chegou a menos tempo que eu no NOW, o que é o Juntxs e como ele se relaciona com o que o NOW é e faz?
Pati: O que mais me empolgou quando conheci NOW é o acreditar nos jovens. Nosso trabalho nada mais é do que fazer com que o jovem descubra o seu potencial que, por algum motivo, ele ainda não teve a oportunidade de enxergar. É um empurrãozinho dizendo “vai lá, você é capaz”. E, agora, com o Juntxs, é incrível poder fazer isso com os jovens brasileiros. Eu me sinto muito privilegiada de poder participar desse projeto e ficar um pouco mais em contato com esse público dos nem-nem. E você, que já teve a oportunidade de estar próxima dos jovens europeus com o NOW, quais as suas expectativas para esse trabalho com jovens do Brasil?
Elis: Eu venho tentando trabalhar minhas expectativas, sabe? Eu vejo muito claramente que o Juntxs tem várias características do NOW: acreditar nos jovens, foco na aprendizagem pela diversidade, inclusão, abrir espaço para os jovens fazerem acontecer, trabalhar em parcerias, entre outras coisas. Apesar disso, eu também tenho clareza que o Juntxs tem um foco diferente do trabalho que fizemos até agora na Europa com a NOW Journey, por ser um programa mais curto e com um objetivo muito específico: empoderar jovens nem-nem a encontrarem um caminho profissional que faça sentido para eles. Por conta disso, eu tenho tentado não comparar os dois e não deixar as minhas expectativas para o Juntxs serem influenciadas pela experiência com a NOW Journey.
Eu gosto muito do fato que de que o Juntxs foi criado na e para a realidade brasileira, tratando de um tópico que é tão relevante hoje no país. Para você, Pati, o que faz do Juntxs um programa diferente?
Pati: O grande diferencial do Juntxs é ser essa ponte entre os jovens e as empresas. De um lado, temos quase um quarto dos jovens brasileiros sem trabalhar nem estudar. Do outro lado, lemos muito nos noticiários sobre a dificuldade que as empresas enfrentam em selecionar mão de obra.
Quando me juntei ao Juntxs, comecei a mergulhar neste mundo dos jovens que não trabalham e nem estudam. Conversei com alguns deles para entender melhor o que enfrentavam no dia a dia, e fiz algumas entrevistas com empresas que trabalham com jovens. É visível: algo precisa ser feito. Mas, muitas vezes, nem os jovens e nem as empresas sabem por onde começar.
A gente tem falado muito sobre empoderar o jovem. Gostaria que você me contasse um pouquinho mais como o background do NOW pode ajudar o Juntxs nesse trabalho de empoderamento.
Elis: Isso me lembra do surgimento do NOW. A gente criou a organização porque estávamos muito cansados de ouvir que “os jovens são o futuro”. Por isso mesmo o nome NOW – para deixar claro que para nós os jovens são o agora, o presente. Partimos do entendimento que os jovens têm o poder e capacidade de começar a mudar o mundo já, e isso também inclui a capacidade de mudar seu próprio mundo. Durante a NOW Journey, nós aprendemos que é fundamental estar constantemente afirmando e reafirmando aos jovens que sim, eles são capazes. Sim, eles mesmos podem tomar iniciativa. Sim, nós confiamos neles e no comprometimento deles.
Só que obviamente dizer essas coisas ajuda, mas não é o suficiente. Também é preciso dar a esses jovens ferramentas, mapas, feedback e suporte – muito suporte. E além disso, pra mim foi fundamental focar em aprender com os erros e os “fracassos” ao invés de apenas deixar que eles nos coloquem para baixo. Acho que isso é algo que todos nós precisamos aprender, e se as pessoas podem aprender isso desde cedo, melhor, não é mesmo?
Mas voltando ao que você falou antes sobre o Juntxs fazer a ponte entre os jovens e as empresas, você acha que esse elemento pode ser parte do empoderamento desses jovens?
Pati: Não tenho dúvidas! Para qualquer jovem, a entrada no mundo do trabalho é um universo novo, cheio de oportunidades que nem sabiam que existia. Além disso, o trabalho é chave fundamental para a auto-estima de qualquer pessoa e isso traz reflexos positivos para a família, com potencial de reverberar para a comunidade.
Eu já vi isso acontecer próximo a mim. Em uma empresa que eu trabalhava, contratamos uma adolescente que teve poucas oportunidades de estudo. Lá, fizemos um trabalho de desenvolvimento com ela. Além de poder ajudar a família com o salário, o impacto foi maior ainda. Ela voltava pra casa contando tudo o que havia aprendido com tanta empolgação que a irmã mais nova se sentiu motivada a procurar um trabalho também. E, depois, ela me contou que as amigas também se empolgaram com a ideia de ter um trabalho. Virou um círculo virtuoso.
Você comentou sobre o foco no aprendizagem pela diversidade. Como você acha que as empresas podem se beneficiar quando abrem a porta para a diversidade?
Elis: Nossa, acho que isso pode trazer muitos benefícios! Acho que hoje está ficando cada vez mais evidente que a diversidade está fortemente ligada à capacidade de inovação das empresas. Isso pra mim é quase óbvio: quanto mais pessoas com backgrounds e experiências diferentes você tem dentro de uma equipe, mais você terá perspectivas e pontos de vista diferentes, o que incentiva a criatividade e a geração de novas ideias. Equipes muito heterogêneas tem muito mais dificuldade em pensar fora da caixa, até porque todos concordam com todos e não há o estímulo para questionar a forma como fazemos as coisas ou solucionamos problemas.
Fora isso, acho que a diversidade ajuda as empresas a estarem mais próximas dos seus clientes – a menos que uma empresa tenha um público-alvo extremamente específico, heterogêneo e limitado. Caso contrário, quanto mais diversidade dentro da empresa, maior a capacidade da empresa de alcançar um público diversificado também.
Da nossa experiência no NOW, também posso dizer que trabalhar em equipes diversas traz muitas oportunidades de aprendizagem. Até porque é claro que muitas vezes pode ser desafiador, mas é um desafio que leva ao crescimento, que nos faz aprender mais sobre o mundo e sobre nós mesmos. E nesse sentido, acho que mais diversidade dentro das empresas também pode gerar mais motivação para quem está lá dentro – mas isso só se a diversidade vier acompanhada de inclusão. Mas isso já é papo para um próximo NOW Talk.
Muito bacana poder refletir sobre o Juntxs com você, Pati! Estou animada para ver esse programa na prática agora, começando em Curitiba – e depois, com muito potencial para chegar em diferentes partes do Brasil, não é mesmo?
Pati: Não vejo a hora de começar a colocar a mão na massa! Vai ser um aprendizado e tanto estar próximo a esses jovens para descobrirmos juntxs o potencial deles 🙂